domingo, 4 de outubro de 2009

Piauí firma-se como pólo produtor de moda

Teresina - Um mercado que movimenta mais de R$ 2 milhões ao mês, gera 17 mil postos de trabalho no Piauí e está em constante crescimento. É a indústria da confecção, que envolve a fabricação de roupas, calçados e acessórios. Os dados são do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Piauí (Sindivest).

O setor investe em capacitação para que o Estado se transforme em um pólo de moda. O Sebrae no Piauí executa há alguns anos um Projeto de Confecção, que desenvolve uma série de ações para tornar o setor ainda mais competitivo. “O setor de confecções tem uma dinâmica própria, consegue crescer, movimentar a economia do Estado, gerar 17 mil empregos, mas precisa estar em constante qualificação. É necessário investir cada vez mais em capacitação, sempre com foco na qualidade das peças e na ampliação dos mercados. É justamente isso que o Sebrae e seus demais parceiros nesse projeto têm feito, investido em conhecimento, em design, para que as confecções piauienses tenham acesso a novos mercados”, afirma o presidente do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae/PI, Ulysses Gonçalves Nunes de Moraes.

Qualificação

De janeiro a agosto deste ano, foram realizadas quatro turmas de capacitação em modelagem, um curso de operador de máquina industrial, além de consultorias em design e chão de fábrica. No mês de setembro, são oferecidos dois cursos específicos para o setor em Teresina. O primeiro será em modelagem de malha, e acontece no período de 9 a 25 deste mês.

O segundo será um treinamento para formação de supervisor de produção, que acontecerá de 28 de setembro a 9 de outubro. Os dois treinamentos são uma ação do Sebrae em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI).

“O grande diferencial do setor de confecções do Piauí é que priorizamos a qualidade em detrimento da produção. Ou seja, temos o compromisso em fabricar um vestuário de qualidade, não nos preocupando somente em produzir mais. É preciso produzir melhor”, informa o presidente do Sindivest, Francisco Marques de Melo.

Os números

A constante busca por qualificação profissional tem melhorado o desempenho do setor, seja em melhores produtos, seja no acesso a novos mercados, como também na ampliação do parque industrial para outras cidades do Piauí. De acordo com Marques de Melo, além de Teresina, outras cidades do Estado destacam-se na produção de moda, a exemplo de Piripiri, Parnaíba, Campo Maior, Picos e São Raimundo Nonato.

“Teresina é responsável por 82% das confecções fabricadas no Piauí. Outra cidade que vem se sobressaindo na fabricação de roupas é Campo Maior”, informa o presidente do Sindivest. Na capital existem hoje 328 empreendimentos voltados para o setor de vestuário. Em todo o Estado são quase seiscentos negócios do setor de confecções, os quais fabricam cerca de 790 mil peças de roupa/mês.

A moda feita no Estado não é consumida somente aqui, mas tem conquistado outros estados e regiões do país como Maranhão, Pará, Tocantins e o sudeste brasileiro. “O Piauí tem uma vocação para a indústria da confecção, principalmente porque esse segmento da economia tem uma característica bastante peculiar, a empregabilidade, ou seja, tem a capacidade de gerar trabalho e renda de forma rápida. É apostando nesse perfil do setor que o Sebrae e seus parceiros investem em conhecimento, em qualificação profissional, em estratégias de comercialização e em consultorias tecnológicas”, afirma o diretor técnico do Sebrae no Piauí, Mário Lacerda.

As iniciativas

O Projeto de Confecção executado pelo Sebrae em Teresina, Piripiri, Parnaíba, Campo Maior, São Raimundo Nonato e Picos apresenta resultados surpreendentes. “O segmento cresce e nós atendemos diversos micro e pequenos negócios formais e informais com o objetivo de garantir mais conhecimento sobre o ramo de confecções. O setor também vem se profissionalizando a cada dia e quem não valoriza os talentos que existem em cada empreendimento, está perdendo espaço no mercado”, afirma a gestora do Projeto Confecção de Teresina, Vanessa Alencar.

O projeto do Sebrae em Teresina atende, especificamente, às cinquenta e cinco micro e pequenas empresas instaladas no Piauí Center Modas, localizada na zona sudeste da capital. Tanto em Teresina, quanto nas demais cidades beneficiadas com a ação do Sebrae, a realização de cursos, treinamentos e consultorias para melhorar a qualificação de empreendedores e seus colaboradores, tornou-se uma prática quase que diária.

Um exemplo de bons resultados é a empresa Via Corpus, em Campo Maior, a 78 quilômetros de Teresina, que está no mercado há 15 anos, produz dez mil peças/mês, gera 74 postos de trabalho e comercializa suas criações para o Piauí, o Maranhão, o Pará e o Tocantins.

“O Sebrae é muito importante para minha empresa, principalmente porque nós passamos por diversas consultorias em design, em mercado e participamos de feiras e eventos. Antes, a gente trabalhava com malha e com jeans, e os cursos do Sebrae nos fizeram ver que seria melhor optar pelo jeans, de forma mais organizada. Tudo isso melhorou a qualidade do nosso produto”, conta a proprietária da Via Corpus, Zulmira Rodrigues Alencar.

Para o proprietário da D’Dan, Daniel Judvan da Silva Souza, o que mais contribuiu para o crescimento da marca foi equilibrar a produção. “Passamos a controlar melhor o estoque, as compras e a produção após as consultorias aplicadas pelo Sebrae. Antes, comprávamos muito sem saber o que íamos fazer com aquela matéria-prima. Hoje, equilibramos isso. Outra mudança positiva é que aprendemos a não centralizar muito o controle da empresa. Agora delegamos atividades para os demais colaboradores”, explica o empresário.

A D’Dan atua no mercado de Teresina há três anos, trabalha com moda jeans e casual. A produção é de 4 mil peças por mês. A empresa gera 45 postos de trabalho e comercializa sua produção para todo o Piauí, Maranhão, Ceará e Pará.

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