domingo, 11 de outubro de 2009

Madeleine Vionnet

O que eu vou passar aqui é um pouco da vida de Madeleine Vionnet, uma das estilistas que mais admiro.
Era o começo do século XX, se abria o debate cultural sobre o uso do corset e sua influência negativa na saúde das mulheres. Eram dias em que Isadora Duncan dançava descalça com uma túnica branca e Europa atravessava uma profunda revolução cultural que daria origem a um novo modelo de vida. Este era o mundo de Vionnet, que foi a primeira estilista a utilizar o corte em viés, para criar roupa. Até então esta técnica só tinha sido usado para fazer golas e nunca em um vestido inteiro, ela buscava um novo modelo para a mulher moderna, enquanto Coco se inspirava nos trajes masculinos.
           Vionnet nasceu em uma família humilde em 22 de junho de 1876 na cidade Chilleurs-aux-Bois, Loiret, aos 11 anos teve de abandonar a escola e aprender o oficio do corte e costura no subúrbio de Paris.
Em 1897, foi trabalhar em
Londres com Kate O’Reilly, Em 1901, retornou a Paris e foi contratada para a casa Callot Soeurs, 1907 ela ingressou na Doucet, onde permaneceu por cinco anos.
          Em 1912, a francesa abriu sua própria Maison, ela decide voltar às origens, à túnica clássica. Para isso, cr
ia peças fluidas, drapeadas e que não impunham uma forma ao corpo, e sim seguiam naturalmente a própria forma deste, a estilista redescobriu o corpo feminino, livrando as mulheres do espartilho e dando conforto e movimento através da forma e do corte de suas roupas Vionnet cria algo tão simples (agora) como colocar o tecido ao cortar com um ângulo de 45º; assim inventa o corte ao viés O resultado é um vestido leve, etéreo, delicado, que lembra à túnica romana. No entanto, mesmo que aparentemente fosse algo simples que lembrava ao mundo clássico, a estrutura interna era baseada em complicados estudos geométricos. Madeleine Vionnet acreditou que "quando uma mulher sorrir, então o vestido dela também deveria sorrirá”.
          Para trabalhar com o viés Vionnet mandava fabricar os tecidos com mais de dois metros de largura ela utilizava o crepe da china, a gabardina e o cetim para a confecção de seus modelos, tecidos que não eram comuns na moda dos anos 20 e 30, além de estudar o comportamento dos diferentes materiais ao colocá-los em posição obliqua (nem todos os tecidos caem e cedem igual) Em cada uma de suas coleções se escolhe um modelo geométrico sobre o qual se experimenta: o quadrado, o retângulo, o triângulo ou a espiral logarítmica com a qual criou suas famosas rosas de tecido.Vionnet não fazia esboço de seus desenhos, improvisava sobre um manequim sobre uma banqueta de piano, como se modelasse barro, ia modelando formas, volumes e linhas.
No mesmo ano propõe outra grande inovação: o copyright para proteger os modelos de Alta Costura. Suas criações levavam uma etiqueta com sua assinatura e sua digital. Ela fotografava todas suas roupas na frente de dois espelhos junto à um número de série, ou em três ângulos diferentes, assim tinha álbuns organizadíssimos com todas as suas criações.
Madeleine reabre o seu atelier em 1918, que a via sido fechado por causa da guerra. Sua nova sede fica na Av. Montaigne onde, sobretudo pensou nas condições de trabalho das costureiras (Vionnet não tinha esquecido sua própria experiência e as duras condições às que se tinha enfrentado quando era jovem) No edifício havia uma enfermaria, cafeteria, creche para os filhos das trabalhadoras, dentista… Além disso, concede licenças-maternidade e férias remuneradas, uma verdadeira empresária a frente de seu tempo, já que em 1922 não eram obrigatórios.
Depois do craque de Wall Street e a crise econômica suce
ssiva, a moda se volta mais ostentosa e procura seus modelos nas grandes divas de Hollywood. Os vestidos de Vionnet conservam a aparência simples clássica, são vestidos que dialogam com o corpo feminino e que não existem sem ele. 
           A coleção da primavera de 1939 foi suntuosa como nenhuma o tinha sido antes; foi elegante e bela, uma explosão de alegria. Também foi a última coleção de Vionnet que com o início da 2ª guerra fecha seu atelier. Morre em 1975.
Em 1988, a família Lummen compra a Maison, mas só em 1996, trabalham na fabricação de acessórios Vionnet. Em fevereiro de 2003, surgiram planos para reintroduzir coleções de moda, onde o Xeique Majed Al-Sabah, dono da Vila Moda, contratou o estilista italiano Maurizio Pecoraro para trabalhar na direção criativa ele acabou fazendo uma mini-coleção, pelo fato de ter começado a Guerra do Iraque.
        Em julho de 2006, Arnaud de Lummen anunciou o retorno a produção de moda mais de 60 anos depois do lançamento da última coleção, pela jovem estilista Sophia Kokosalaki, que abandonou a marca depois de duas temporadas. O estilista Marc Audibet, conh
ecido por seu trabalho na Hermès e na Prada, assumiu a direção criativa da casa, mas deixou a Vionnet em janeiro de 2008 em situação financeira precária.
       No dia 24 de fevereiro de 2009, Matteo Marzotto e Gianni Castiglioni anunciarão a aquisição da marca Vionnet, os empresários criaram de uma nova sede em Milão, onde a marca
será administrada. Matteo Marzotto, já foi presidente da Valentino, e é um dos herdeiros do Marzotto Group, um poderoso grupo têxtil que se estabeleceu na Itália em 1836. Gianni Castiglioni é o CEO da marca de moda Marni. Rodolfo Paglialunga, é o novo director criativo, no qual trabalhou mais de 10 anos na Prada.
       Espera-se que Marzotto tenha o mesmo sucesso que Nicholas Ghesquiere e F
rançois-Henri Pinault obtiveram ao reerguer a Balenciaga. Torcemos para um retorno triunfal!



"Comparada a Chanel, Vionnet é ainda hoje uma desconhecida, talvez porque produzia Rolls Royces, enquanto Coco foi o Ford da moda".

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